“Quando tenho as coberturas certas tendo a ir mais além”
A “Integração do Digital na Mediação” foi tema para um painel que juntou Ana Teixeira, da insurtech Mudey, Paulo Cruz, da seguradora Caravela e Mário Martins da Allianz.
Ana Teixeira afirmou que “na venda cruzada o cliente é leal ao mediador, mas este só tem massa para trabalhar se tiver parceria com as seguradoras”. Caracterizou as economias mais desenvolvidas “quando as pessoas e empresas têm mais seguros”, “quando tenho as coberturas certas tendo a ir mais além”, disse. Considerou que o mercado tem de incorporar os mais novos e melhorar, mas realça ainda haver um desafio em captar e cativar os mais novos.
Paulo Cruz mencionou que é preciso chegar a todos os clientes e isso implica diversificar os seus canais de subscrição. “Chegar a eles das formas que gosta e da forma mais transparente possível” é o objetivo e destaca a evolução tecnológica para servir como apoio à atividade mediadoras, principalmente em processos administrativos.
“Hoje a tech está a avançar a um ritmo avassalador” referiu Mário Martins, e pode trazer grandes benefícios como reduzir carga de administração, automatização de processos, endereçamento de documentos. “Otimizamos por isso temos que encarar tecnologia do sentido positivo, podemos ter benefícios muito grandes”, concluiu.
Assembleia de Legisladores: Os Políticos falaram de seguros
O 10º Congresso da APROSE trouxe a surpresa de mobilizar as principais forças políticas para um debate sobre os grandes temas da atividade seguradora, na procura das diferentes opiniões de representantes dos partidos políticos.
Estiveram presentes Miguel Costa Matos, Secretário-Geral da Juventude Socialista, pelo PS, Inês Domingos, vogal da direção nacional do PSD, pela AD, Pedro Pessanha, Deputado do Chega, Mauro Santos, membro do Conselho Nacional da IL, Duarte Alves, deputado do PCP e Luís Filipe Salgado, membro do BE.
Em breve síntese do discutido, a despenalização do seguro de vida a clientes que façam seguros noutras seguradoras, diferentes da oferta do banco, proposto pelo PSD no Parlamento, foi objeto de discussão. Reforçado por todos os partidos terem sido a favor dessa medida que, entretanto, não foi aprovada pelos deputados do PS, Miguel Costa Matos justificou dizendo que o PS quer acabar com as penalizações. Mas, diz, “isto é diferente” – sublinhou Costa Matos – “Isto não é um desconto mas um sobrecusto de compra cruzada”.
O futuro Fundo sísmico foi também objeto de debate tendo sido lembrado por Duarte Alves, que o tema não pode ser dissociado da qualidade de construção dos edifícios enquanto Pedro Pessanha lembrou o aumento dos custos para as famílias de um seguro obrigatório contra sismos, sugestão de financiamento avançada por Costa Matos.
O (bom) “Estado do setor segurador” finalizou o Congresso
“O Estado do Setor Segurador” foi o tema do último painel do Congresso APROSE juntando David Pereira, presidente da associação, e representantes das seguradoras: Nuno Catarino, da UNA, Jorge Pinto, da Zurich, Gustavo Barreto, da Ageas, Sérgio Carvalho, da Fidelidade, e Joana Pina Pereira, da Tranquilidade.
O movimento de fusões e aquisições que tem acontecido em Portugal foi, desde logo, questionado a Joana Pina Pereira que comentou ser este fenómeno comum também a distribuidores que assim ganham uma dimensão capaz de compensar a maior dimensão das seguradoras. A diretora da Tranquilidade salientou ainda que nos processos de consolidação vai haver uma distinção natural na mediação que é conhecer os clientes concluindo que “temos de apoiar espaços para quem quer mais contacto humano e quem não tem essa preferência”.
Sérgio Carvalho olhou para o lado positivo: “Como teremos muitos desafios na tecnologia, essa consolidação dará mais capacidade para fazer face a isso” enquanto descreveu a Saúde como o segundo ramo mais importante na relação, permite aproximar do cliente, com a prevenção da família e dos colaboradores, e em relação ao seu peso político, o diretor da Fidelidade concluiu que “os seguros têm vindo a ganhar confiança e relevância e isso está a chegar aos agentes políticos…”
Nuno Catarino pensa que a consolidação no setor vai continuar mas vê numa maior escala a possibilidade de dar mais valor aos consumidores. No ramo saúde acha que o setor privado terá de aumentar oferta, há um aumento de preços pelo custo do consumo e poderá levar a uma perda de poder de compra por parte dos clientes. Ainda vê oportunidades no protection gap: “a nossa penetração de seguros face ao PIB é menor que na Europa e temos seguros obrigatórios como Acidentes de Trabalho, concluindo que “uma sociedade protegida é mais rica”.
Gustavo Barreto mostrou grande preocupação com o aumento dos custos com saúde. Afirma que os prestadores privados também estão a induzir procura, e não só os seguros, que existe uma concentração em 3 companhias saúde num ramo que vai ser um ramo maior que automóvel e acidentes de trabalho. “Estamos em mudança de paradigma e reféns dos prestadores privados, as seguradoras devem ser mais intervenientes no setor da saúde”, disse. Quanto ao Fundo Sísmico foi bastante assertivo ou cético: “Enquanto o Fundo não vem, vamos equipando os nossos clientes com seguros sísmicos”, concluiu.
Consolidação vai continuar, previu Jorge pinto, enquanto o ramo saúde “vai continuar a crescer e já está a comportar-se como um produto de consumo”, afirmou. Considera que mais produtos e serviços vão reduzir custos, e nesse caminho os mediadores podem aproveitar para conhecer melhor o cliente. Quanto ao maior impacto do setor junto da classe política, conclui que “é visível o impacto financeiro na economia e a nobreza da missão”.
David Pereira considerou que a consolidação entre seguradores e entre mediadores é inevitável e que vai reduzir opções de escolha no mercado. No setor a cuja associação preside, vaticina que o atual número de 10 mil mediadores no mercado se reduzirá para metade em pouco anos.
Sublinhou que o recurso aos seguros saúde faz parte das funções sociais dos seguros, e que a mediação tornou-se na “melhor conselheira de saúde aos seus clientes”. Aproveitou para lançar o desafio para que se democratizem os seguros de saúde porque “continuamos a ter 1,7 milhões de pobres em Portugal”.
“Falar de seguros não é sexy para os políticos, prefiro pensar que não falam tanto porque o produto está bem entregue”, disse. “É uma atividade segura, bem gerida e regulada e por isso os políticos não olham tanto para ela”, concluiu o presidente da APROSE, encerrando o 10º Congresso.
Eco Seguros 26/02/2024